segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A família

O sentimento primitivo que nos une
pelo sangue em comum,
as palavras que me ensinaste,
as mãos estendidas a cada passo meu.
Família porque tu me corrompeste?
Deste gosto amargo
resíduo de brigas, palavras a mais,
o espaço diminuído, quase sufocante,
a união que é pelo amor, é pela obrigação, é pelo ódio
de quem te conhece desde da génese.
A obrigação pela sua construção, concepção,
o pedido para viver, a opção de onde nasceu.
Na mesa corrompida, do ego ferido,
o lugar em que o próprio ar falta,
a respiração se assemelha
e o cheiro familiar, revelador em comum.
A família que tudo te fez e faz
bem, mal, despido, humilhante,
o olhar que conhece, reconhece e recrimina,
o olhar que olha isento das vestes, neutro da personalidade
verdadeiramente nu, nu no nascimento e nos dizeres pelos cantos,
na mesa, na sala, nos quartos, no banheiro.
E do ar sufocante que tento me livrar
e das responsabilidades que procuro escapar,
e do passado que apagarei todos os dias.
Fica tudo marcado, completo,
eu sou ela, a família
impressa nas características
na fala, no comportamento
ideias.
Meu molde, que irrita, sufoca,
arranca-la seria como arrancar a pele
com as unhas, com os dentes
e tudo voltaria.
Venho tentando fazer sumir as marcas
que tornaram-se cicatrizes.
Posso eu fugir disto?
do meu eu?
da família?
Que me barra, prende e acolhe,
abraça, insulta e me identifica,
Posso eu fugir da família?

Um comentário:

Daliana Antonio disse...

pois é xuxu!! são essas figuras que estão no poder!!!

muitos reacionários!

devemos estar atentos!

todos! obrigada pela visita! bju