quarta-feira, 30 de abril de 2008

Ser em um dia comum

Ser sem sentido
Ser na rotina
Ser engolido
Ser pelas ruas temido

Ser vazio
Ser cheio de duvidas
Ser perecível
Ser durável

Ser eterno
Ser sem resquícios
Ser deixando resíduos
Ser humano

(...)

Talvez eu tenha visto em ti algo além do amor
paixão, beijo.
Afogo em ti meus receios, magoas,
palavras vãs.
Tua falta apenas ilusão do que não é meu
receio da perda de uma boa confissão.
Não houve a pertença apenas momentos,
algo além do amor.


Talvez eu tenha medo,
insegurança
a mediocridade da saudade humana.
neste mundo fortuito
vazio de marcas minha
vi em ti as marcas do meu sentimento
sentido que te dei
significados que nunca terei


"Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais ultima que se pode dar de si."(Clarice Lispector)

Infância

Olhei para ela, como era pequena, miúda, comigo falou por sons não distinguíveis, pensei o que diria aqueles ruídos na língua portuguesa? Aquelas mãos tão pequenas agarram as minhas e se inicia uma caminhada de passos vacilantes(...) Esta entrega corajosa desperta um passado escondido, vago, um dia eu fiz aquele mesmo caminho, ela olhando desconfiada há sua volta um apanhado de coisas enormes maiores que a força de sua voz, nossa sensação de impotência é derivada destes princípios primitivos? A ternura que em mim foi despertada vai além da condição feminina, me identifico com essa menina, ali esta presente intenções, possibilidades, expectativas, tudo está para acontecer, pouco ainda foi dito, naquela menininha eu vi a vida(...)

terça-feira, 29 de abril de 2008

"...Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.”Darcy Ribeiro(homem de fazimentos)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Vocal Tempo


O que dizer da ontem de ontem após a apresentação do grupo cubano Vocal Tempo? O concerto deste sexteto da música cubana, produz a sensação estranha de um mistério inicial onde sem uma banda, músicos que têm em suas mãos nada mais de microfones e sua voz, o suficiente para dar ao público, baixo, violão, tambores, metal, cada instrumento, surge das gargantas dos músicos ali no palco, no inicio procuro onde estaria aquele trompete executado com maestria por um dos músicos, mas ele não existe, esta apenas no plano das ideias, baixo, violino, e a bateria que soa dentro de cada espectador com tamanha intensidade é uma encenação sem corpo físico. Vocal Tempo traz ao palco além de boa musica a imaginação e fantasia que instiga e surpreende a cada acorde vocal, o clima se torna envolvente e sensual a cada musica, dança dos integrantes a musica vibra em todas as cordas do seus corpos, a energia contagiou a todos e foi impossível não notar pés tímidos balançando e a vontade de todos de transformar o Auditório Luzamor em uma casa de Rumba da Ilha cubana, após aplausos empolgantes o publico saí da apresentação embriagado pela boa musica executada com magia autentica do sexteto cubano...
"Cuando hay sentimiento
no hay impedimento"(...)

Escola da Cidadania

Para os amigos e desconhecidos esta é a carta que nós da Escola da Cidadania formulamos durante o 1º Forúm Regional de Educação Popular e Políticas Publicas, este trabalho nosso de educador popular fez com que desvendassem os o verdadeiro sentido da utopia traduzida em metas para um futuro próximo, afinal já disse Paulo Freire a utopia é o possível não imaginado.


Reunidos no 1º Fórum Regional de Educação Popular e Políticas Públicas, nos dias 29 de Fevereiro e 1° de Março de 2008 educadores, pesquisadores sociais, militantes de base, conselheiros municipais, estudantes e cidadãos engajados na promoção dos direitos políticos e sociais. Aprovamos este conjunto de orientações e princípios como um guia para nossa atuação conjunta.

  1. Acreditamos que o Brasil passa por uma mudança política, iniciada na Constituição de 1988, que possibilitou a emergência de uma nova instituição participativa do cidadão brasileiro.
  2. Esta nova institucionalidade projetou, entre algumas novidades, 30 mil conselhos partidários de gestão pública, espalhados por todo o território nacional, que constituem uma rede potencial de gestão compartilhada.
  3. Contudo, tal possibilidade ainda não se efetivou, na medida em que tais conselhos não representam um poder político real, de controle ou mudança concreta da cultura e prática política.
  4. Nosso país ainda é fortemente marcado pelo centralismo, pelo clientelismo, pela ausência de sistemas de escuta social ou ausência de emancipação dos beneficiados pelos diversos projetos e ações sociais governamentais.
  5. O orçamento público continua uma incógnita para a quase totalidade dos cidadãos, que tem acesso – quando existe esta possibilidade – a uma parcela ínfima dos investimentos públicos, não podendo alterar a lógica de tributação estatal ou mesmo de custeio da máquina pública.
  6. Os conselhos de gestão pública (de direitos e setoriais) que possuem fundos especiais, não recebem verbas regulares do orçamento público, ficando a mercê das contribuições de pessoas físicas e empresas.
  7. Este Fórum, realizado em Maringá por iniciativa da Escola da Cidadania, entende ser necessária à constituição de uma Rede Nacional de Conselhos e Entidades Pró-Democracia Participativa.
  8. Esta Rede deve assumir a necessidade de constituir um sistema de conselhos de gestão pública, a partir de sua articulação, tendo como objetivo fortalecer uma malha de co-gestão no Brasil.
  9. A Rede deve, ainda, assumir, a elaboração de um projeto pedagógico de fortalecimento dos conhecimentos políticos e técnicos de lideranças sociais e conselhos de todo país, objetivando sua capacidade de intervenção, elaboração de projetos, gerenciamento público, monitoramento e fiscalização.
  10. Temas como transparência, controle de contas públicas e fortalecimento de mecanismos de gestão participativa, que alterem a lógica estrutural do Estado brasileiro constituirão os eixos de atuação desta Rede.
  11. Para tanto, devemos nos articular ao redor da agenda de reforma política democrática de nosso país, sustentando a necessidade da adoção de uma nova institucionalidade política, marcada pela atuação concreta e ativa dos cidadãos na condução das políticas públicas nacionais.
  12. O 1º Fórum de Educação Popular e Políticas Públicas de Maringá crê que se faz necessária uma nova geração de propostas populares que assuma o espírito partipacionista que fundou toda a mobilização civil e cidadã dos anos 80 do século passado.
  13. Esta nova geração de propostas populares sugere, ainda, uma nova dinâmica e estratégia das ações de educação popular no Brasil, uma nova postura política, uma nova ação protagonista no sentido do avanço da democracia participativa.
  14. A inversão da lógica do Estado, da tutela da cidadania para o controle social do Estado, exige uma nova leitura do mundo, novos saberes e novas práticas.
  15. Trata-se da construção de uma nova engenharia política, fundamentada no Poder Popular, que sempre orientou o pensamento de Paulo Freire, inspiração de todas iniciativas de educação popular de nosso país.

    Maringá, 1 de Março de 2008.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Isabella

Bem palavras poéticas são seguras e soam bem, mas as confissões são ditas de forma rasgada. Nas últimas três semanas (29/03) o país está mobilizado pelo caso da morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos, asfixiada e jogada do sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo. Principais suspeitos são o pai e a madrasta, o crime comoveu a todos, os suspeitos alegam inocência e coube a polícia agir através de perícias técnicas “caçando” pistas e montando o caso. Não estou negando o teor de violência e indignação que atingiu a todos, no mesmo dia em que este caso foi anunciado no programa Fantástico (rede globo) um caso semelhante onde uma menina se jogou da janela ao ver o pai chegar em casa alcoolizado. Não há no caso Isabella a argumentação de um vício ou violência em sua família, ao contrario a família dos acusados demonstra total apoio e usam a união familiar como defesa de carácter principal ou seja não está presente no caso uma de nossas mazelas sociais aparentes. A comoção em massa que indignada não compreende o crime e se assusta pela possível acusação do pai, como encontrar a motivação de um pai da classe média em assassinar sua filha? Atos de violência com crianças feitos pelos próprios pais seria o choque da representação construída da inocência infantil? Como está sendo tratados os futuros “comandantes” sociais (um cliché real), afinal a manifestação da violência nos jovens é a manifestação da violência na sociedade em geral. Este caso muito divulgado em forma de um grande “drama” novelístico pelos meios de comunicação, é a prova cabal da possibilidade da violência com próximo detentor do maior laço solidário existente na sociedade, incomoda saber que este ato pode acontecer ao lado ou em casa mesmo. Seria um impulso da raiva? Descontrole? Loucura? Seria mesmo o casal os culpados? Como educar filhos em um mundo onde os próprios pais são seu algoz assassino? Talvez o julgamento dirá ou talvez a não confissão inocente cale o júri que assustado ainda pelo crime não acuse possíveis culpados para não condenar possíveis inocentes. Acho que o interesse geral é observar o grau de violência digno das torturas bárbaras vistas como distantes da sociedade Moderna, a violência esta presente em um belo casal cercado de seus belos filhos fazendo compras no final de semana, parado bem ali ao seu lado.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sonho

Ontem tive um sonho, estava andando em uma estrada especie de plantação muito verde e humida, o mato encharcado afundava a cada passo, mas eu e meus amigos tinhamos uma missão, na verdade eram varias estradas em paralelo alguns andavam em uma estrada juntos, grupos de dois três, outros estavam em estradas ao lado mais atrás ou em frente, porém todos nós estavamos andando na mesma direção, afinal tinhamos uma missão. Fui muita afoita caminhando, meus amigos de confissão andavam rapido muito em frente, sem ver onde pisava para alcança-los, caí, um dos companheiros de caminhada pessoa especial estava na estrada ao lado,ao me ver cair,parou,deu um sorriso, saltou em minha direção ajudou-me a levantar, depois de uma respiração profunda, olhamos em frente e continuamos andando juntos, compartilhando a mesma estrada, afinal no final tinhamos uma missão...

E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu(...)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Palavras Cantadas


As vezes nos sentimos como que suspensos no ar mas são somente em alguns momentos de vazio e solidão somos únicos em meio a bilhões da mesma espécie o que faremos? Chorar?Gritar? ou apenas falar? Para que vejam estamos aqui. A única saída é a espera eterna, rápida, cortante, metálica. Eu não sei o que estará no final do vazio, tem um fim em si mesmo?Um sentido? É algo quantificado? Eu poderia refletir anos, porém não quero. Em fim estou aqui como disse suspensa no ar, observando o vazio.

Visão da cegueira

Como irei escrever sobre a vida em sociedade
se meus olhos cegarem.
Nada verei, ruídos, sons,
e os movimentos, comportamentos.
O que serei?
Livro sem letras.
Resta a sensação de uma teoria,
teoria não concreta,
paupavel cega.