sexta-feira, 25 de abril de 2008

Isabella

Bem palavras poéticas são seguras e soam bem, mas as confissões são ditas de forma rasgada. Nas últimas três semanas (29/03) o país está mobilizado pelo caso da morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos, asfixiada e jogada do sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo. Principais suspeitos são o pai e a madrasta, o crime comoveu a todos, os suspeitos alegam inocência e coube a polícia agir através de perícias técnicas “caçando” pistas e montando o caso. Não estou negando o teor de violência e indignação que atingiu a todos, no mesmo dia em que este caso foi anunciado no programa Fantástico (rede globo) um caso semelhante onde uma menina se jogou da janela ao ver o pai chegar em casa alcoolizado. Não há no caso Isabella a argumentação de um vício ou violência em sua família, ao contrario a família dos acusados demonstra total apoio e usam a união familiar como defesa de carácter principal ou seja não está presente no caso uma de nossas mazelas sociais aparentes. A comoção em massa que indignada não compreende o crime e se assusta pela possível acusação do pai, como encontrar a motivação de um pai da classe média em assassinar sua filha? Atos de violência com crianças feitos pelos próprios pais seria o choque da representação construída da inocência infantil? Como está sendo tratados os futuros “comandantes” sociais (um cliché real), afinal a manifestação da violência nos jovens é a manifestação da violência na sociedade em geral. Este caso muito divulgado em forma de um grande “drama” novelístico pelos meios de comunicação, é a prova cabal da possibilidade da violência com próximo detentor do maior laço solidário existente na sociedade, incomoda saber que este ato pode acontecer ao lado ou em casa mesmo. Seria um impulso da raiva? Descontrole? Loucura? Seria mesmo o casal os culpados? Como educar filhos em um mundo onde os próprios pais são seu algoz assassino? Talvez o julgamento dirá ou talvez a não confissão inocente cale o júri que assustado ainda pelo crime não acuse possíveis culpados para não condenar possíveis inocentes. Acho que o interesse geral é observar o grau de violência digno das torturas bárbaras vistas como distantes da sociedade Moderna, a violência esta presente em um belo casal cercado de seus belos filhos fazendo compras no final de semana, parado bem ali ao seu lado.

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