Para os amigos e desconhecidos esta é a carta que nós da Escola da Cidadania formulamos durante o 1º Forúm Regional de Educação Popular e Políticas Publicas, este trabalho nosso de educador popular fez com que desvendassem os o verdadeiro sentido da utopia traduzida em metas para um futuro próximo, afinal já disse Paulo Freire a utopia é o possível não imaginado.
Reunidos no 1º Fórum Regional de Educação Popular e Políticas Públicas, nos dias 29 de Fevereiro e 1° de Março de 2008 educadores, pesquisadores sociais, militantes de base, conselheiros municipais, estudantes e cidadãos engajados na promoção dos direitos políticos e sociais. Aprovamos este conjunto de orientações e princípios como um guia para nossa atuação conjunta.
- Acreditamos que o Brasil passa por uma mudança política, iniciada na Constituição de 1988, que possibilitou a emergência de uma nova instituição participativa do cidadão brasileiro.
- Esta nova institucionalidade projetou, entre algumas novidades, 30 mil conselhos partidários de gestão pública, espalhados por todo o território nacional, que constituem uma rede potencial de gestão compartilhada.
- Contudo, tal possibilidade ainda não se efetivou, na medida em que tais conselhos não representam um poder político real, de controle ou mudança concreta da cultura e prática política.
- Nosso país ainda é fortemente marcado pelo centralismo, pelo clientelismo, pela ausência de sistemas de escuta social ou ausência de emancipação dos beneficiados pelos diversos projetos e ações sociais governamentais.
- O orçamento público continua uma incógnita para a quase totalidade dos cidadãos, que tem acesso – quando existe esta possibilidade – a uma parcela ínfima dos investimentos públicos, não podendo alterar a lógica de tributação estatal ou mesmo de custeio da máquina pública.
- Os conselhos de gestão pública (de direitos e setoriais) que possuem fundos especiais, não recebem verbas regulares do orçamento público, ficando a mercê das contribuições de pessoas físicas e empresas.
- Este Fórum, realizado em Maringá por iniciativa da Escola da Cidadania, entende ser necessária à constituição de uma Rede Nacional de Conselhos e Entidades Pró-Democracia Participativa.
- Esta Rede deve assumir a necessidade de constituir um sistema de conselhos de gestão pública, a partir de sua articulação, tendo como objetivo fortalecer uma malha de co-gestão no Brasil.
- A Rede deve, ainda, assumir, a elaboração de um projeto pedagógico de fortalecimento dos conhecimentos políticos e técnicos de lideranças sociais e conselhos de todo país, objetivando sua capacidade de intervenção, elaboração de projetos, gerenciamento público, monitoramento e fiscalização.
- Temas como transparência, controle de contas públicas e fortalecimento de mecanismos de gestão participativa, que alterem a lógica estrutural do Estado brasileiro constituirão os eixos de atuação desta Rede.
- Para tanto, devemos nos articular ao redor da agenda de reforma política democrática de nosso país, sustentando a necessidade da adoção de uma nova institucionalidade política, marcada pela atuação concreta e ativa dos cidadãos na condução das políticas públicas nacionais.
- O 1º Fórum de Educação Popular e Políticas Públicas de Maringá crê que se faz necessária uma nova geração de propostas populares que assuma o espírito partipacionista que fundou toda a mobilização civil e cidadã dos anos 80 do século passado.
- Esta nova geração de propostas populares sugere, ainda, uma nova dinâmica e estratégia das ações de educação popular no Brasil, uma nova postura política, uma nova ação protagonista no sentido do avanço da democracia participativa.
- A inversão da lógica do Estado, da tutela da cidadania para o controle social do Estado, exige uma nova leitura do mundo, novos saberes e novas práticas.
- Trata-se da construção de uma nova engenharia política, fundamentada no Poder Popular, que sempre orientou o pensamento de Paulo Freire, inspiração de todas iniciativas de educação popular de nosso país.
Maringá, 1 de Março de 2008.
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