sexta-feira, 18 de julho de 2008

É as coisas são assim

Qual sentido das coisas? Fiquei com esta questão em mente, depois de uma grande dose marxista que tive em duas palestras, refleti à respeito das coisas, isso mesmo tudo que nos cerca e foi transformado através do trabalho humano, aqui neste ponto já habita um equivoco, afinal o que são as coisas? Tudo que construímos para nosso uso? Para que serve um carro à não ser para o transporte humano? Bem seria muito bom, mas sabemos que o "carro" ou aquela roupa significam muito mais que instrumento de uso humano. Ao atribuirmos características humanas ao produtos que fabricamos, significados, identificações, super valorizamos o produto em si mesmo distanciando-se do seu sentido inicial o uso puro e simples do objeto, quem o fabricou? Mãos humanas. Quem vai utiliza-lo? Apenas algumas mãos eleitas. Este mundo repleto de coisas, criadas por nos mesmos, visto durante o dia, sol alto, é manifestação viva, carros trafegam, ruas movimentadas, padarias cheias, os pães saem rápido do cesto, os ónibus seguem cheios, roupas chamam atenção nas vitrines, tudo esta movimentado, percebem a descrição das coisas? todas com sentido, vida própria, porém algumas horas depois, em uma cidade "pequena" como Maringá sem mercados 24h(louvado seja o bom senso) tudo fica parado por volta da 0:00, ninguém esta na rua, tudo vazio quem dá sentido a todas as coisas? Todas lá imovéis, onde está a utilidade delas, tudo bem sei que no outro dia elas estarão lá prontas para o consumo, a compra, mas e daí?Toda a vida impressa naqueles objetos somem quando as mãos humanas vão para o descanso, lógico que estarão em suas casas repletas de coisas, mas que sentido elas terão afinal? Arendt diz que tudo que o homem cria, transforma, nos condiciona, passa para algo de condição humana, você se vê sem a TV? o PC? Quantas siglas para estes eletrodomesticos, ai grande equivoco meu, eletrodomesticos? Como posso reduzir estes meios mágicos de comunicação? Nossa realmente é difícil se livrar da impressão viva das coisas, quantas coisas, artigos manufaturados. Não estou negando todas as vantagens da tecnologia, dos nossos "queridos produtos" criados por nos, humanos, mas sempre que se olha para uma dessas coisas magicas vejo a mão humana? Nossa como alguém criou o magico microondas, esquenta tudo rápido, faz aquele barulho estranho, cada copo de agua fervido faz com que se instale o pavor de talvez uma revolta interna e uma grande explosão nuclear em minha cozinha. Bem voltando, ficaremos aqui culpando eletrodomesticos? Claro que não, sei que todo esse fetiche vem do tão famoso, adorado/odiado capitalismo, a incitação ao consumo, aumento da exploração, homem moderno mas escravo, porém não posso deixar de admitir por tudo que sei, ainda permaneço escrava deste sistema, minha resistência tem sido esta, a tentativa de olhar estes artigos como coisas, sem encantamento, confesso fraqueza diante de uma vitrine cheia com talvez o grande chavão do consumo, a palavra magica "LIQUIDAÇÃO"...Sobrevivo ao ouro de tolo?

"Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar..."

Um comentário:

Phygital Transformation - A Physical plus Digital changing Era disse...

Mariana minha cara...

Não estou de férias, muito pelo contrário. Fzem 3 anos que não tenho férias.

Estou trabalhando agora para a União Europeu no alto comissariado de Saúde sobre uma questão que envolve crianças e tals. Não sei se vc ´já ouviu flar em farmacogenéticos? Bom é sobre isso...

Dae ele acaba por tomar umas 15 horas do meu dia aki em Londres. Praticamente estou tendo que me esforçar para escrever em português.

Mas em setembro estou de volta dae prometo estar mais atento aos teus sublimes e encantadores poemas e textos..

Ok???

Um bjão pra vc!

Saudades hein!!!